sexta-feira, 16 de novembro de 2012

RESENHA CRÍTICA DO FILME O NOME DA ROSA.


Leitura Crítica do filme

O Nome da Rosa, (no original “The name of the Rose”, 1986), longa-metragem dirigido por Jean-Jacques Annaud, é baseado no livro de Umberto Eco.
Por se tratar de uma adaptação da obra literária para o cinema, é preciso que se faça uma leitura cuidadosa da obra cinematográfica, cuidando para não relacionar apenas as duas obras em questão, pois se trata de uma interpretação do diretor Annaud partindo da leitura da obra de Umberto Eco.
Os atores escolhidos para atuar no filme como protagonistas são Sean Connery, que faz o papel do Frei Guilherme de Baskerville e o jovem Christian Slater como o aprendiz Adson de Melk. Mesclando suspense e romance, o filme se passa nos anos de 1316 e 1334, quando João XXII era o Papa.

Em suma, a narrativa fílmica pode ser assim descrita: Parte da trajetória do Frei de Baskerville e seu aprendiz, Adson de Melk, que acompanha seus ensinamentos, em direção a um mosteiro afastado com o propósito de investigar uma suposta morte que deveria ser advinda pelo demônio. No entanto, ao chegar, imersos em histórias diversas e controversas, eles puderam identificar que, na realidade, o finado pulou do alto de uma das torres do mosteiro. Ainda em meio a tantos mistérios, o Frei e seu aprendiz passam a investigar outras mortes, causando certa instabilidade emocional entre os religiosos.

A narrativa se segue com outro acontecimento que chama a atenção: a chegada de Bernardo Gui, um Grão-Inquisidor, com a missão de torturar e matar qualquer suspeito que tenha cometido assassinatos em nome do diabo. Começa então a perseguição ao protagonista dessa história, Frei Baskerville, acusado de ser, ele também, um dos influenciados pelas ações demoníacas.

Seguido de crimes, mistérios e acusações, o filme é ainda conduzido a partir da ideia tacanha e manipuladora da igreja em relação ao maniqueísmo bem x mal, um dos seus grandes pilares de sustentação. Além disso, há importante referência filosófica a Aristóteles (dentre tantas outras que são feitas ao longo da história que está sendo contada), visto que os crimes narrados estavam numa biblioteca que escondia propositalmente uma obra deste filósofo que expressava o prazer pela comédia.

Nesse momento a história revela segredos: um Frei antigo do mosteiro escondia esta obra, pois ela poderia fazer com que as pessoas duvidassem dos Evangelhos. Para punir aqueles que se atrevessem a lê-lo, o Frei coloca veneno mortal em suas folhas.

O momento da sociedade medieval do séc. XIV, marcada pela desintegração do feudalismo e a formação do capitalismo na Europa Ocidental na época em que a igreja controlava o estado e retirava do povo o direito ao conhecimento é o cenário onde se passa essa história. É possível observar, ali, as ocorrências na idade média quando era normal à atitude de colocar Deus e aqueles investidos da autoridade religiosa no centro de qualquer visão do mundo e de qualquer interpretação da história, o Teocentrismo, período que quase nada contribui para a psicologia, pois apesar de terem existido estudos sobre a reflexão humana, estes careceram de bases cientificas. A melhor contribuição desta época foi a importância que se evidenciou da necessidade do conhecimento e do pensar racionalmente.


Além disso, a dose cômica do filme – e que também leva a uma série de reflexões e questionamentos, diz respeito ao mistério sobre a possibilidade de alguma vez ter sido testemunhada uma risada de Jesus Cristo ou se era proibido. A seriedade, no entanto, chega a ser cômica, de fato, tendo em vista a violência extremada praticada pela igreja desde os tempos remotos.

A "violência", apesar de ser uma importante temática do filme, não é o grande motivador da discussão da obra, visto que ela aparece de maneira bastante evidente, deixando claro o propósito do diretor em discutir tantas outras questões subjacentes, como a discórdia entre os personagens do clero, por exemplo. Sobre a violência – e hoje podemos acrescentar com mais segurança – as violências cometidas pela Igreja, não se concentram apenas na inquisição, que, através dos seus tribunais, decidia de maneira arbitrária o destino de muitos que supostamente estavam mancomunados com o diabo, a representação do mal.

Outra questão importante diz respeito a toda discussão filosófica, ou metafilosófica, realizada pelo filme, na figura do personagem Frei de Baskerville que trazia todos os seus conceitos e teorias com grandes conhecimentos de suas leituras de filósofos, mostrando o início da filosofia medieval e a política banal da Igreja, que ignorava suas ideias.


Não pairam dúvidas, nessa leitura de O nome da rosa, quanto ao procedimento da igreja católica que impedia a divulgação do conhecimento pelo receio de que isto provocasse uma perda de poder. Isto provocou a morte de milhares de inocentes levados à fogueira.



Ficha Técnica


Título do filme: O NOME DA ROSA (Der Name Der Rose), baseado no romance de Umberto Eco lançado em 1980.
Ano de Lançamento: (Alemanha) 1986. Duração/Distribuição: 130 min, Globo
Direção: Jean Jacques Annaud Elenco: Sean Conery, F. Murray Abraham, Cristian Slater.

18 comentários:

  1. Ameei essa resenha, muito boa mesmo ;))

    ResponderExcluir
  2. resenha bem explicativa.

    ResponderExcluir
  3. Beleza de Resenha... Bem detalhada as intenções do filme.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Olha a vida imitando a arte: no enredo deste site também tem uma misteriosa série de assassinatos. A Língua Portuguesa e a História são assassinadas seguidamente, linha após linha!! Pelo amor de Deus! Como alguém que passou 19, 20 anos nos bancos de escola e não aprendeu nem o português atreve-se a emitir alguma opinião sobre a História Universal?!!? Na Idade Média a Igreja fundou o sistema universitário, o sistema hospitalar, as bases da ciência, do direito internacional. TUDO, isso mesmo, TUDO que temos de bom no ocidente foi influenciado pela Igreja! Os monastérios salvaram a civilização ocidental dos povos bárbaros. Das 7 notas musicais ao nosso calendário (o gregoriano), das 3 leis da genética (as do MONGE Gregor Mendel) ao champanhe (inventado por Dom Pérignon), boa parte da nossa cultura passou pela Igreja, a única instituição com 2 mil anos de História.

      Excluir
    2. O Objetivo dessa obra não foi em si criticar a igreja católica, mas fazer uma análise do filme e da sociedade que ele retratava. Porém não se pode deixar de falar sobre ela, pois a igreja foi grande formadora de opinião na época. Além disso os feitos bons que a igreja fez não anula os ruins. Se acha que a igreja católica da quela época ñ pode ser criticada, então não critique os outros.

      Excluir
  4. Muita boa , assisti o filme e essa resenha condiz com tudo no filme.

    ResponderExcluir
  5. Ótima resenha! Deveria apenas ter um pouco mais de ponto de vista pessoal, para não parecer "resumo".

    ResponderExcluir
  6. "política banal da igreja". Muito bom.
    Baskerville é como um dr. House ou Sherlock Holmes do medievo, no Nome da Rosa [risos].

    ResponderExcluir
  7. Respostas
    1. Gutemberg, honre seu belo nome: O GuteNberg original fez história; já você fez feio... copiou o comentário alheio. Detalhada mesmo é a resenha que vou fazer do seu nome: Guten: no Alemão significa BOM; Berg: no Alemão significa MONTANHA/MORRO. Naquela Língua é palavra masculina. O nome original GUTENBERG era um sobrenome, indicando o local de onde vinha a pessoa, algo como "MORRO BOM". O nome do inventor famoso seria algo como "João do Morro Bom", num tradução BEM livre. E o "DOS SANTOS" era um sobrenome comum para quem nascia em 1º de Novembro, Dias de Todos os Santos. Meu caro, entende agora como a História tem MUITO mais a revelar quando REALMENTE a estudamos??

      Excluir
    2. Que anônimo acima mais imbecil.

      Excluir
  8. Qual é o nome do veneno???? Ajuda pf pf

    ResponderExcluir
  9. Gostei do texto,estou vendo-lendo O Nome da Rosa.

    ResponderExcluir