quarta-feira, 28 de novembro de 2012

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A Faculdade Castro Alves prepara profissionais para sob a luz da psicologia ajudar pessoas!

Quem Somos

                       

Este blog foi criado por um grupo de estudantes da FCA - Faculdade Castro Alves, ingressantes no curso de Psicologia, que tem como objetivo explicitar informações, artigos e dados sobre Psicologia, conduzindo os visitantes para a reflexão sobre os temas que serão abordados. Sendo os seus membros, da esquerda para a direita: Gleidson Pires da Silva, Ana Clara Pimenta, Constantino Hermida, Jéssica Bonfim, João Paulo Oliveira e Mirian Castro Pereira. Tendo como Coordenadora do Projeto Integrador: Professora Lícia Margarida.

SUSTENTABILIDADE E PSICOLOGIA AMBIENTAL: COMO OS MÉTODOS QUANTITATIVOS PODEM CONTRIBUIR?

Introdução

A reflexão apresentada a seguir corresponde a uma pesquisa acerca dos métodos quantitativos e sua contribuição para a sustentabilidade e psicologia ambiental. Utilizando-se de cálculos, números matemáticos e técnicas estatísticas para investigar determinada realidade a ser avaliada, os métodos quantitativos são essenciais para a observação de um determinado fenômeno psicológico. Através dos cálculos, comparações e, a partir deles, as deduções, é possível oferecer diagnósticos mais precisos, além da avaliação mais apurada dos casos por material de amostragem. A partir dos métodos quantitativos, pode-se ainda estabelecer uma série de critérios de observação, além de estratégias ao se realizar testes em relação às hipóteses levantadas
Aplicados à sustentabilidade e psicologia ambiental, os métodos quantitativos podem oferecer, além dos benefícios mencionados, perspectivas diferenciadas em relação ao objeto de análise, visto que, ao realizar pesquisas, por exemplo, por amostragem, em relação a determinado fenômeno social, é possível cruzar informações e fatos e aproveitar o resultado dessas pesquisas na configuração de práticas e costumes, ou seja, observar a regularidade, o padrão de determinados comportamentos.
A pesquisa escolhida, neste trabalho, para descrição e análise, diz respeito ao grau de importância do desenvolvimento sustentável e ações de conservação do meio ambiente em nossa cidade para os eleitores que decidirão quem será o próximo prefeito de Salvador. Pretende-se, dessa forma, avaliar se o eleitor demonstra interesse nas questões relacionadas ao meio ambiente e se essa preocupação irá interferir de alguma forma, na escolha do seu candidato.
Por se tratar de uma pesquisa de campo, baseada em entrevistas através de questionários, os nomes serão preservados, pois aqui serão enfatizados os resultados quantitativos dessa ação. Quanto aos candidatos, para dar cadência ao texto, será utilizada a seguinte nomenclatura: candidato A (ACM Neto) e candidato B (Nelson Pelegrino).

1 MÉTODO

            Para confecção deste trabalho foram desenvolvidos os seguintes métodos:

1.1 PESQUISA DE CAMPO

Investigação das propostas dos candidatos enfatizando aquelas que dizem respeito ao desenvolvimento sustentável e/ou preservação do meio ambiente.
·         As propostas foram colhidas dos sites dos respectivos candidatos.
·         Destacaram-se as propostas referentes ao desenvolvimento sustentável e/ou ligadas a questões ambientais.

1.1.1 PROPOSTAS DO CANDIDATO A [1]:


O MEIO AMBIENTE E A SUSTENTABILIDADE

Implantação da Coleta Seletiva
Economia Criativa
Atenção às áreas de preservação ambiental
Salvador Cidade Sustentável

PROPOSTAS PARA A ORLA ATLÂNTICA


Complementação das vias marginais da Paralela
Requalificação das ligações Paralela-Orla
Desenvolvimento da retro praia
Desenvolvimento do subcentro da regional norte com a Estação de Mussurunga e o Parque de Exposições
Implantação da Via Parque da Cidade (Contorno)
Requalificação do Parque do Abaeté e Dunas

1.1.2 PROPOSTAS DO CANDIDATO B [2]:


       Ações para a Secretaria do Meio Ambiente:
 a) Fortalecer o Conselho Municipal do Meio Ambiente – COMAM;
 b) Implantar o Fundo Municipal de Meio Ambiente – FMMA.

       Ações para a coleta de lixo, cooperativas e usinas de reciclagem:
  a) Coleta seletiva em toda cidade;
 b) 12 cooperativas de catadores com galpões para separação dos resíduos;
 c) 3 usinas de reciclagem em Valéria, Uruguai e Pirajá;
 d) Revisão do contrato atual com as cinco empresas que ganham por pesagem do lixo, sem fiscalização.

      Construção do Parque Eco Esportivo de Pituaçu:
 a) Mini Vila Olímpica integrada ao estádio, com piscina olímpica, ginásio de esportes, pistas de corrida e de salto e raia de competições aquáticas;
 b) Borboletário, orquidário, nova ciclovia com bicicletários, parques infantis e áreas de alimentação;
 c) Acesso direto à praia, com ampliação do parque até a orla.

         Sistema de postes, placas e sinaleiras com energia solar e eólica:
  a) Economia na iluminação de toda cidade;
 b) Duas fontes de energia ao mesmo tempo, evitando apagões;
  c) Cada poste gera energia para outros três.

        Incentivos para construções sustentáveis e para adaptações das atuais:
  a) Descontos no IPTU, taxa de iluminação e taxa de lixo;
 b) Pequenas usinas eólicas nos prédios com turbinas silenciosas;
 c) Placas de energia solar;
 d) Captação de chuvas e reaproveitamento de água; e) Coleta seletiva.

1.2 ENTREVISTAS

Através de questionários, com o seguinte padrão de perguntas:

Pergunta 1 – Você conhece as propostas do seu candidato?
Pergunta 2 – Qual a área que, na sua opinião, Salvador merece mais atenção?
Pergunta 3 – O que define o seu voto?  

·         O questionário foi respondido por 50 pessoas com idades variadas entre 18 e 50 anos.
·         Os questionários foram enviados por email e o espaço destinado a cada pergunta era de duas linhas.

Abaixo, tabelas de amostragem das entrevistas:

Pergunta 1 – Você conhece as propostas do seu candidato?

VOCÊ CONHECE AS PROPOSTAS DO SEU CANDIDATO?
ALTERNATIVAS
SIM
NÃO
QUANTIDADE
20
30
PERCENTUAL
40,00%
60,00%


 Pergunta 2 – Em que área, em sua opinião, Salvador merece mais atenção?

EM QUE ÁREA, NA SUA OPINIÃO, SALVADOR MERECE MAIS ATENÇÃO?
ALTERNATIVAS
EDUCAÇÃO
SEGURANÇA
EMPREGO
TRANSPORTE
TURISMO
MEIO AMBIENTE
SAÚDE
OUTROS
QUANTIDADE
34
36
9
30
2
9
29
1
PERCENTUAL
22,67%
24,00%
6,00%
20,00%
1,33%
6,00%
19,33%
0,67%


 Pergunta 3 – O que define o seu voto?  

O QUE DEFINE SEU VOTO?
ALTERNATIVAS
PERFIL DO CANDIDATO
PROPOSTAS APRESENTADAS
PARTIDO POLÍTICO
QUANTIDADE
15
13
22
PERCENTUAL
30,00%
26,00%
44,00%


RESULTADOS E DISCUSSÃO
           
O resultado das amostragens conduziu essa pesquisa para os seguintes resultados:

Em relação aos candidatos:

  • Os candidatos à prefeitura têm poucas ou quase nenhuma proposta para Salvador no que diz respeito ao Desenvolvimento sustentável ou à conservação do meio ambiente.
  • As propostas em geral são inconsistentes e não são apresentadas formas de viabilizá-las.
  • As propostas não são detalhadas – sobretudo em relação ao candidato A – ou seja, não explicam de fato o que poderá ser feito nessa área. 
Em relação aos eleitores:

  • O eleitorado, em sua grande maioria, não escolhe o candidato em virtude de suas propostas (cerca de 74%)
  • Dentre aqueles que priorizam as propostas defendidas pelos candidatos, poucos (cerca de 6%) mencionam o desenvolvimento sustentável ou questões ligadas ao meio ambiente. 
De posse desses dados, é possível confirmar que a população de Salvador muito pouco acredita em mudanças na área do desenvolvimento sustentável em sua cidade. Isso repercute sobremaneira a forma como a sociedade lida com a questão do meio ambiente, sobretudo no que diz respeito às eleições. De maneira que, ainda que os candidatos oferecessem propostas concretas para solução dos problemas nessa área, a população não as usaria como forma de decidir o resultado do pleito.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

De posse do material resultante dessa pesquisa, foi possível chegar a algumas conclusões no tocante ao eleitorado de Salvador. Aqui, o objetivo da pesquisa foi pensar em que medida as propostas relacionadas ao desenvolvimento sustentável dos prefeituráveis são prioridade, para os eleitores, na hora de decidirem seu voto. Além disso, com a pesquisa de campo – na busca por essas informações nos sites de cada candidato, foi possível investigar as propostas dos candidatos nessa área e a possibilidade de realização e viabilidade dessas propostas.
Assim, com os resultados obtidos foi possível tecer algumas considerações a respeito dos candidatos e dos eleitores – demonstradas na discussão deste trabalho. No entanto, deve-se acrescentar que o desenvolvimento sustentável não deve ser interpretado como uma ação isolada ligada, apenas, às ações relacionadas ao meio ambiente e sua conservação. Ao priorizar o desenvolvimento sustentável como proposta de governo, o candidato estaria, de fato, preocupando-se em integrar os diversos setores da sua política, visto que o desenvolvimento sustentável é, na realidade, muito mais amplo do que se imagina.
Faltam ações conjuntas para o desenvolvimento sustentável em Salvador. Faltam propostas que viabilizem essa conjunção. Falta consciência do eleitorado no que diz respeito a essas ações.

REFERÊNCIAS

Crespo, A. A. (2002). Estatística Fácil. São Paulo: Saraiva.
Toledo, G. L.; Ovalle, I. I. (2010). Estatística Básica. São Paulo: Editora Atlas S.A..
Propostas de governo ACM  Neto. Disponível em: http://www.acmneto.com.br/propostas/. Acesso em 20/10/2012.
Propostas de governo Nelson Pelegrino. Disponível em:  http://www.soupelegrino13.com.br/propostas. Acesso em 20/10/2012.
  


[1]Retirado do site do candidato A. Disponível em: http://www.acmneto.com.br/propostas/. Acesso em 20/10/2012.
[2]Retirado do site oficial do candidato B. Disponível em:  http://www.soupelegrino13.com.br/propostas. Acesso em 20/10/2012.

terça-feira, 27 de novembro de 2012

SURGIMENTO DA PSICOLOGIA AMBIENTAL NO BRASIL, SEUS TEMAS DE PESQUISA E CONTRIBUIÇÃO PARA SAÚDE MENTAL.


                                                                      Introdução

Este trabalho tem como objetivo expor o objeto e a importância da Psicologia Ambiental no mundo atual, suas formas de pesquisa, e sua contribuição para a saúde mental, levando o indivíduo a uma reflexão profunda sobre a sua relação com o ambiente.

Desenvolvimento

A Psicologia Ambiental é uma subárea da Psicologia que tem por objetivo o estudo do comportamento humano na relação com o meio Ambiente e prioriza analiticamente a inter-relação ativa entre o individuo e o meio ambiente físico e social não se limitando ao estudo de estímulos respostas, segundo Moser (1998, p.121).

A Psicologia Ambiental apresenta principalmente cinco princípios que se tem que levar em consideração:
* Ter em conta que se é capaz de modificar o meio ambiente.
* É necessário que se esteja presente em todos os contextos do dia a dia.
* Considerar a pessoa e o meio ambiente como uma só entidade.
* Considerar que o indivíduo atua sobre o meio, assim como o meio influencia o indivíduo.
* Uma investigação ou intervenção desta índole deve ser sempre levada a cabo com a colaboração de outras ciências.

Os efeitos destes fatores, físicos e sociais estão associados à percepção que se tem deles, e, neste sentido, estudam as inter-relações. A noção de espaço e lugar ocupa uma posição central na compreensão das relações do homem com seu ambiente. Trata-se, portanto, de uma posição nova, diferente e mais consistente de se entender o desenvolvimento humano e social (Pinheiro: Guinther & Guzzo; 2006).

Os primeiros estudos realizados pela Psicologia Ambiental abraçaram o tema da degradação ambiental que se acreditava ter uma relação com o crescimento populacional e o planejamento de ambientes constituídos, pois após a segunda guerra mundial, vários países se preocupavam com a reconstrução de espaços de habitação e convivência social, inclusive setores psiquiátricos de hospitais, sendo os psicólogos solicitados por engenheiros e arquitetos. Este foi o primeiro momento em que se verificou uma preocupação pelo bem.
O objeto da Psicologia ambiental tem sido discutido em níveis de análise de comportamento relevantes.
Inicialmente, pouco difundida no Brasil, a Psicologia Ambiental teve inicio em pesquisa interdisciplinar sobre conjuntos habitacionais do Estado de São Paulo na década de 1970, mais se consolidou a partir da década de 1980 como atividade de ensino.

Na década de 90, no instituto de Psicologia da Universidade de Brasília, foi utilizada pela primeira vez a denominação Laboratório de Psicologia Ambiental (LPA), sob a coordenação do Prof. Hartmut Gunther, direcionado para estudos sobre técnicas e métodos de pesquisa, possuindo como foco principal a cidade Brasília. Também foi criado o Laboratório de Pesquisa Socioambiental e Intervenção da USP (LAPSI) e, junto com a International Association People-Environment Studies (Associação Internacional para Estudos Pessoa-Ambiente)–IAPS, realizaram encontros com diversos representantes da área e afins, possibilitando apresentações de trabalhos, contribuindo para a divulgação do campo de estudos em território brasileiro.

As formas de pesquisa e estudo da Psicologia Ambiental se dão na maneira como o individuo entende e põe a prova o meio ambiente. Assim se torna necessária a compreensão dos processos envolvidos na formação das exposições internas do ambiente, fazendo com que as pesquisas e estudos se concentrem sobre ambientes habitacionais.
Ao nascer, contudo, o ser humano já ingressa num meio ambiente social (família) e físico (clima, alimentação, condição geográfica etc.). As forças ambientais atuam durante toda a nossa existência, e segundo alguns estudiosos, nos influenciam, pois sem os alimentos, sem defesa contra as forças que poderão destruí-la nenhum ser vivo poderá sobreviver.
Entende–se que tanto as pessoas modificam o ambiente, como o ambiente interfere no comportamento das pessoas (Bassani 2004).

Conclusão

Atualmente a Psicologia Ambiental vem se destacando cada vez mais, pois é de extrema importância no mundo atual, devido à área em que atua, investigando o comportamento do indivíduo na sociedade moderna, contribuindo para soluções na área da saúde mental, tendo por base os principais problemas ambientais que a sociedade traz em relação ao meio ambiente em que está inserido, relatando os seus desafios, pois o homem moderno sofre as consequências da má utilização do seu espaço.

A saúde mental está associada diretamente ao meio ambiente, que proporcionará momentos saudáveis de comunicação e entrelaçamento de conteúdos que vão dar condições para o bem estar psico-bio-social do individuo. Estes ambientes favorecem o intercâmbio do indivíduo e sua localização fazendo com que ocorra uma interação de forma equilibrada e sistemática.

Desta forma, faz com que as diversas áreas do conhecimento possam incluir a Psicologia Ambiental no meio acadêmico, favorecendo o trabalho dos psicólogos que farão diferentes trabalhos em diversos ambientes, proporciondo a estes profissionais a possibilidade de serem mais completos e eficientes.

Referências

Gunther, H., & Rozestraten, R. J. A. (2005). Psicologia Ambiental
Melo, Rosane Gabriele C. de, Psicologia ambiental: uma nova abordagem da psicologia
Moser, Gabriel Psicologia Ambiental Kinouchi, Renato Rodrigues trechos de Entrevista com Arno Engelmann. 

sexta-feira, 16 de novembro de 2012

RESENHA CRÍTICA DO FILME NÓS QUE AQUI ESTAMOS POR VÓS ESPERAMOS.


Leitura Crítica do filme



Tendo o século XX como emblema, o filme-documentário Nós que aqui estamos por vós esperamos bombardeia o espectador com imagens de arquivos, extratos de documentários e de algumas obras clássicas do cinema, através de uma retrospectiva das principais mudanças que marcaram este século.
São personagens diversos: famosos e anônimos, com suas diferentes histórias e que, portanto, fazem parte da história do século XX. É preciso lembrar que este é o contexto que nasce com a Primeira Guerra Mundial e por isso as imagens desses personagens se fundem as imagens de arte e guerra, sonho e realidade, vida e morte.
O século XX.

O protagonista pode-se afirmar, é o século XX, visto que o diretor (o documentário foi feito com pouquíssimos recursos) foca os recursos cinematográficos na confusão de imagens que representam esse período da nossa história.
Dentre essas tantas imagens, são tematizadas as ilusões do homem do século XX em meio ao desenvolvimento tecnológico, guerras e tragédias e a avalanche de acontecimentos decorrentes desses avanços.
Dirigido por Marcelo Masagão e lançado no Brasil em 1999, esse filme-documentário concentra-se nos aspectos políticos-econômicos-sociais de um mundo que assistia a modernização industrial como parte de um processo em que os trabalhadores, como nos Tempos Modernos protagonizado por Chaplin, são apenas peças da engrenagem do capital. Os regimes políticos, totalitários, bem como as religiões, ilustram bem essas ideologia. Dessa forma, a perspectiva do filme é humanista, já que se preocupa em registrar o sentimento do ser humano frente a tantos acontecimentos.

Outro ponto importante a ser destacado são as mudanças no que diz respeito às formas de comunicação após o advento do telefone, da energia elétrica, do rádio e a evolução da independência feminina ao longo do século, considerando a produção de artefatos domésticos, carros, etc.
Associado a esse grande panorama do século XX, o diretor traz para o vídeo acontecimentos históricos marcantes como a queda do Muro de Berlim, a violenta Revolução Cultural na China de Mão Tsé-Tung dos anos 70; a exploração de metais preciosos em Serra Pelada, no Brasil; a quebra da Bolsa de Nova Iorque, em 1929. No entanto, tais acontecimentos são permeados pelos impactos que estes causaram à vida da população mundial, como o desemprego, a fome, a perda da dignidade e o desprezo do mercado de trabalho pelos diplomas daqueles que os conquistavam.
Ainda na esteira da abordagem humanista do filme, o autor cita personalidades da época, como intelectuais, cientistas e até escritores, ditos subversivos à época, que tiveram seus livros queimados em praça pública por soldados nazistas. Ou seja, mais uma vez verifica-se que o objetivo do diretor é realizar um percurso pelo século XX, mas sem perder de vista os impactos desses acontecimentos e como a população interpretava tantas mudanças.

Ainda poderiam ser acrescentadas muitas imagens, mas a sensação causada pelo filme é a de que, justamente, torna-se difícil acompanhar tantas mudanças: solidão, injustiças, guerras, traumas, humilhações, desespero, protestos, suicídios, ilusões, Stálin, Hitler, Pol Pot, Franco, Pinochet, Médici, arte, nudez, Duchamp, Munch, sexo, Islamismo, Judaísmo, Hinduísmo, Candomblé, paz, Mahatma Gandhi... Que imagens podem o mundo da época ou mesmo nos representar? Não por acaso o filme é todo exibido em preto e branco e no fim, para fazer jus ao título, um cemitério é filmado em cores... A pergunta, bem sugestiva, coloca o expectador no centro das imagens com suas dúvidas, sensações, impactos... “Nós que aqui estamos, por vós esperamos” deixa perguntas respondidas de diferentes formas por cada um que assiste à fita fílmica.

Não se trata apenas de consumir as imagens, é preciso interpretá-las, mas o diretor permite que o expectador o faça. O século XX representa, sem dúvida, um século de profundas mudanças no mundo, um momento de transição que impunha a sociedade valores que precisaram ser revistos posteriormente, sob pena de estarmos todos nós, hoje, subjugados a estigmas e imposições de ordem religiosa ou de ordem político-ideológica. Foi preciso que a sociedade evoluísse em termos psicossociais ou ainda em relação ao conhecimento sobre si mesmo, para que superássemos períodos de medo e opressão.

Ficha técnica

Título do filme: Nós que aqui estamos por vós esperamos (Brasil, 1998). Direção: Marcelo Masagão, responsável também pela produção, pesquisa e edição do filme. Elenco: não possui, utilizando-se apenas de imagens; 55 min. Música: Win Mestens Consultoria de história: José Eduardo Valadares e Nicolau Sevcenko Consultoria de psicanálise: Andréa Meneses Masagão e Heidi Tabacov.

RESENHA CRÍTICA DO FILME O NOME DA ROSA.


Leitura Crítica do filme

O Nome da Rosa, (no original “The name of the Rose”, 1986), longa-metragem dirigido por Jean-Jacques Annaud, é baseado no livro de Umberto Eco.
Por se tratar de uma adaptação da obra literária para o cinema, é preciso que se faça uma leitura cuidadosa da obra cinematográfica, cuidando para não relacionar apenas as duas obras em questão, pois se trata de uma interpretação do diretor Annaud partindo da leitura da obra de Umberto Eco.
Os atores escolhidos para atuar no filme como protagonistas são Sean Connery, que faz o papel do Frei Guilherme de Baskerville e o jovem Christian Slater como o aprendiz Adson de Melk. Mesclando suspense e romance, o filme se passa nos anos de 1316 e 1334, quando João XXII era o Papa.

Em suma, a narrativa fílmica pode ser assim descrita: Parte da trajetória do Frei de Baskerville e seu aprendiz, Adson de Melk, que acompanha seus ensinamentos, em direção a um mosteiro afastado com o propósito de investigar uma suposta morte que deveria ser advinda pelo demônio. No entanto, ao chegar, imersos em histórias diversas e controversas, eles puderam identificar que, na realidade, o finado pulou do alto de uma das torres do mosteiro. Ainda em meio a tantos mistérios, o Frei e seu aprendiz passam a investigar outras mortes, causando certa instabilidade emocional entre os religiosos.

A narrativa se segue com outro acontecimento que chama a atenção: a chegada de Bernardo Gui, um Grão-Inquisidor, com a missão de torturar e matar qualquer suspeito que tenha cometido assassinatos em nome do diabo. Começa então a perseguição ao protagonista dessa história, Frei Baskerville, acusado de ser, ele também, um dos influenciados pelas ações demoníacas.

Seguido de crimes, mistérios e acusações, o filme é ainda conduzido a partir da ideia tacanha e manipuladora da igreja em relação ao maniqueísmo bem x mal, um dos seus grandes pilares de sustentação. Além disso, há importante referência filosófica a Aristóteles (dentre tantas outras que são feitas ao longo da história que está sendo contada), visto que os crimes narrados estavam numa biblioteca que escondia propositalmente uma obra deste filósofo que expressava o prazer pela comédia.

Nesse momento a história revela segredos: um Frei antigo do mosteiro escondia esta obra, pois ela poderia fazer com que as pessoas duvidassem dos Evangelhos. Para punir aqueles que se atrevessem a lê-lo, o Frei coloca veneno mortal em suas folhas.

O momento da sociedade medieval do séc. XIV, marcada pela desintegração do feudalismo e a formação do capitalismo na Europa Ocidental na época em que a igreja controlava o estado e retirava do povo o direito ao conhecimento é o cenário onde se passa essa história. É possível observar, ali, as ocorrências na idade média quando era normal à atitude de colocar Deus e aqueles investidos da autoridade religiosa no centro de qualquer visão do mundo e de qualquer interpretação da história, o Teocentrismo, período que quase nada contribui para a psicologia, pois apesar de terem existido estudos sobre a reflexão humana, estes careceram de bases cientificas. A melhor contribuição desta época foi a importância que se evidenciou da necessidade do conhecimento e do pensar racionalmente.


Além disso, a dose cômica do filme – e que também leva a uma série de reflexões e questionamentos, diz respeito ao mistério sobre a possibilidade de alguma vez ter sido testemunhada uma risada de Jesus Cristo ou se era proibido. A seriedade, no entanto, chega a ser cômica, de fato, tendo em vista a violência extremada praticada pela igreja desde os tempos remotos.

A "violência", apesar de ser uma importante temática do filme, não é o grande motivador da discussão da obra, visto que ela aparece de maneira bastante evidente, deixando claro o propósito do diretor em discutir tantas outras questões subjacentes, como a discórdia entre os personagens do clero, por exemplo. Sobre a violência – e hoje podemos acrescentar com mais segurança – as violências cometidas pela Igreja, não se concentram apenas na inquisição, que, através dos seus tribunais, decidia de maneira arbitrária o destino de muitos que supostamente estavam mancomunados com o diabo, a representação do mal.

Outra questão importante diz respeito a toda discussão filosófica, ou metafilosófica, realizada pelo filme, na figura do personagem Frei de Baskerville que trazia todos os seus conceitos e teorias com grandes conhecimentos de suas leituras de filósofos, mostrando o início da filosofia medieval e a política banal da Igreja, que ignorava suas ideias.


Não pairam dúvidas, nessa leitura de O nome da rosa, quanto ao procedimento da igreja católica que impedia a divulgação do conhecimento pelo receio de que isto provocasse uma perda de poder. Isto provocou a morte de milhares de inocentes levados à fogueira.



Ficha Técnica


Título do filme: O NOME DA ROSA (Der Name Der Rose), baseado no romance de Umberto Eco lançado em 1980.
Ano de Lançamento: (Alemanha) 1986. Duração/Distribuição: 130 min, Globo
Direção: Jean Jacques Annaud Elenco: Sean Conery, F. Murray Abraham, Cristian Slater.